sexta-feira, 1 de maio de 2020

Pernambuco prevê pico da Covid-19 nos próximos 15 dias, com muitas mortes

Foto: Hélia Scheppa/SEI
Ritmo veloz do aumento de casos da doença indica curva epidemiológica íngreme, com sobrecarga hospitalar.

Enquanto os índices de adesão ao isolamento social apresentam queda nos últimos dias em Pernambuco, o número de pessoas com sintomas da Covid-19 e precisando de internamento cresce em velocidade alarmante, sobretudo no Recife, epicentro da doença no Estado, e na região metropolitana (RMR).

Diante do cenário, os prognósticos prevêem dias duros já na primeira quinzena de maio. Isso porque o ritmo do espalhamento do novo coronavírus está mais acentuado do que se esperava quando foram decretadas as medidas de isolamento social. Sendo assim, a previsão é que Pernambuco tenha um pico de curva epidêmica íngreme.

Na prática, isso significa mais gente doente do que a capacidade médica e hospitalar suporta e, consequentemente, mais mortes. De forma didática, o secretário de Saúde do Recife fez uma analogia para explicar o que significa esse pico epidemiológico.

“Imaginemos um grupo de pessoas de várias idades e diferentes condições tendo como única alternativa atravessar uma montanha. Não tem outra alternativa. Se essa montanha é muito íngreme, nem todo mundo estará apto a atravessar e vai ficar para trás”, disse Jailson Correia.

“Se você tem uma curva mais suave e mais longa, permite a pessoas, mesmo com mais dificuldades, atravessar essa montanha. O tamanho do período de maior dificuldade pode ser até mais estendido, mas permitirá que mais pessoas consigam atravessar a montanha. Ou pode ser (um pico) avassalador e deixar muita gente para trás”, completou.

O desenho da curva epidêmica, então, depende do comportamento social. Quanto maior o índice de isolamento social, maiores as chances de os pacientes da Covid-19 terem acesso a tratamento hospitalar adequado. No cenário atual, contudo, com níveis de isolamento aquém do indicado, as projeções para o Estado são de maior dificuldade.

"Estamos em franca aceleração, crescendo cerca de 10 a 15% ao dia em número de casos, duplicando os casos a cada semana. Gostaríamos muito de retardar a curva, mas ela está crescendo de forma muito acentuada. Dessa forma, tem a contaminação de mais pessoas e a pressão no sistema de saúde. Isso acelera a chegada do pico, que trará dias duríssimos. A expectativa é disso acontecer nos primeiros 15 dias de maio. Teremos muitos casos, muitas perdas de vidas, historias interrompidas”, afirmou o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, explicando ainda o tempo médio de duração dessa fase.

"O platô (média constante de casos) que tem se visto em outros países dura algumas semanas, duas, três. Depois segue-se a desaceleração de casos, que também varia em duração, até chegar a uma situação que pode ser chamada de controle. Nossa expectativa, infelizmente, é atingir um pico mais precoce do que gostaríamos diante do cenário que temos visto.”

Ambos, porém, evitam falar em colapso dos sistema de saúde do Estado e do município no momento. "Enquanto houver capacidade de resposta do poder público em gerar mais leitos e aprimorar o sistema para atender pessoas que vão precisar de internação, estamos correndo para tentar alcançar o crescimento da doença. Mas essa capacidade é limitada, finita, e isso nos preocupa”, disse Jailson Correia.

Informações do Portal FolhaPE 

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