quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Pesquisa da UFPE analisa qualidade do ar de 47 cidades segundo novas diretrizes da OMS

Poluição do ar em Pequim - Foto: Jade Gal/AFP

O pesquisador identificou que das 43 cidades, somente duas estão de acordo com o que foi estabelecido pela OMS. De um universo de 47 cidades do mundo com diferentes níveis de poluição, apenas duas, Porto (Portugal) e Estocolmo (Suécia), estão de acordo com as novas diretrizes de qualidade do ar definidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). É o que aponta a pesquisa realizada pelo professor do Departamento de Biofísica e Radiobiologia da Universidade Federal de Pernambuco Helotonio Carvalho.

Comparando os padrões anteriores aos novos padrões de qualidade do ar, e usando dados de 2014, 2016 e 2018, o pesquisador se propôs a chamar a atenção para a importância da revisão desses parâmetros, tendo em vista as mais de sete milhões de mortes anuais causadas pela poluição atmosférica no mundo.


No artigo científico “New WHO global air quality guidelines: more pressure on nations to reduce air pollution levels” (Novas diretrizes globais de qualidade do ar da OMS: mais pressão sobre as nações para reduzir os níveis de poluição do ar, na tradução literal), publicado recentemente na revista The Lancet, o professor relata que dividiu o rol de cidades observadas entre as com níveis mais altos e as com níveis mais baixos de poluição e identificou que estas últimas seguem padrões ultrapassados para evitar a poluição do ar.



 “Muitas delas precisarão reduzir as concentrações de material particulado (PM) de 2.5 micrômetros de diâmetro entre 50% e 70% para estarem de acordo com os novos padrões de qualidade do ar da OMS”, afirma o pesquisador que enfatiza que a maioria das localidades mais poluídas vão precisar de reduções em suas concentrações de PM de mais de 90% para estarem de acordo com os novos padrões.


A situação, segundo o estudo, é particularmente preocupante em Mumbai (Índia), que precisará de uma redução de 92%, Pequim (China) e Riade (Arábia Saudita; 93%), Karachi (Paquistão; 94%), Ulaanbaatar (Mongólia; 95%) e Nova Delhi (Índia; 97%).


 “Embora muitos países tenham seus próprios padrões de qualidade do ar, as diretrizes de qualidade do ar da OMS são geralmente mais rígidas, especialmente se comparadas com aquelas adotadas por países de baixa e média renda”, afirma o professor da UFPE que explica que o Recife não consta da lista por, infelizmente, não apresentar uma rede de monitoramento de qualidade do ar.


Para o pesquisador, as diretrizes e monitoramento da qualidade do ar conseguiram induzir na redução dos níveis de poluição do ar em muitas cidades e países nas últimas duas décadas.


No rol das localidades que, mesmo apresentando baixos níveis de poluição ainda precisam se ajustar aos novos parâmetros estão Adelaide (Austrália), Auckland (Nova Zelândia), Helsinque (Finlândia), Estocolmo (Suécia) e Vancouver (Canadá), estas com níveis de PM2.5 menores que 10 μg/m3.


Outras cidades conseguiram diminuir os níveis de poluição do ar de 2014 a 2018, como Nova York (EUA) e Oslo (Noruega). Cidades como Amsterdã (Holanda), Barcelona (Espanha), Lisboa (Portugal), Londres (Reino Unido), Los Angeles (EUA), Moscou (Rússia), Rio de Janeiro (Brasil) e Roma (Itália) tiveram PM2.5 decrescente nesse período e estavam perto de atender às diretrizes anteriores da OMS.


 No entanto, aponta o estudo, “outras cidades, como Berlim (Alemanha), Frankfurt (Alemanha), São Paulo (Brasil), Tóquio (Japão) e, em particular, Cidade do México (México), Milão (Itália) e Seul (Coreia do Sul), mostraram níveis de poluição do ar em 2018 que estavam bem acima das diretrizes anteriores da OMS”. 


A análise de Helotonio Carvalho também revela que a maioria das cidades selecionadas com níveis mais altos de poluição do ar estão localizadas em países de baixa e média renda, a exemplo de cidades na África, sul e leste da Ásia, Pacífico, Oriente Médio e leste da Europa.


“Devido aos níveis mais altos de poluição do ar, todas essas cidades precisarão de, pelo menos, uma redução de 80% nas concentrações de PM2.5 de 2018 para atender às novas diretrizes”, estima o autor. 


Para Carvalho, que reconhece ser “uma tarefa difícil”, a maioria das cidades, especialmente aquelas com níveis mais altos de poluição do ar nos países de renda baixa e média, provavelmente precisará de muitos anos para se aproximar dessas novas diretrizes. Mas, otimista, ele estima que “as novas diretrizes da OMS para a qualidade do ar funcionarão como uma força motriz adicional na direção de um mundo onde a poluição do ar será história”.


Efeitos do material particulado


Segundo explica o pesquisador, “a poluição atmosférica representa um sério risco à saúde pública e, dentre os diversos poluentes atmosféricos, o material particulado, principalmente o PM2.5, é o mais associado a efeitos adversos à saúde que incluem o agravamento de doenças respiratórias como asma, bronquite e enfisema, além de estar relacionado com infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e câncer de pulmão”. 



Por: Portal Folha PE

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